Em sistemas de distribuição de energia trifásica, compreender a relação entre correntes de fase e de linha é fundamental para o projeto, análise e resolução de circuitos. Em uma configuração delta (triângulo), as correntes de fase circulam pelas cargas conectadas entre as fases do sistema, enquanto as correntes de linha são as que circulam nos condutores externos, interligando a fonte à carga. Esta análise se torna particularmente relevante quando o sistema está equilibrado, pois as relações fasoriais assumem formas padronizadas e permitem a utilização de relações diretas para obter resultados precisos.
Em uma ligação em triângulo, cada carga está conectada entre dois condutores de fases. Para um sistema trifásico equilibrado, a corrente de fase, que é aquela que circula pela carga, relaciona-se com a corrente de linha – a corrente que percorre os condutores que alimentam as cargas – através da relação:
A relação fundamental é descrita pela equação:
$$ I_L = \sqrt{3} \cdot I_f \angle (\theta_f - 30^\circ) $$
Onde:
Esta relação resulta da soma fasorial das correntes de carga e do arranjo geométrico das fasores numa ligação delta.
Em um sistema com sequência de fases ABC, as fases acontecem na ordem definida e cada fase possui um deslocamento angular de 120° em relação às demais. O efeito dessa sequência é que os fasores das correntes de fase também sofrem uma rotação correspondente, influenciando o ângulo resultante da corrente de linha.
Ao lidar com problemas práticos de circuitos trifásicos, especialmente em configurações delta, é necessário identificar corretamente qual corrente de fase está associada a cada condutor e determinar a corrente de linha por meio da combinação correta dos fasores. No caso específico, para a fase C, é necessário utilizar a corrente de fase correspondente à conexão que envolve a fase C e ajustar o ângulo conforme a relação estabelecida.
O problema apresenta as seguintes informações:
Em circuitos trifásicos ligados em delta, a corrente que circula em cada condutor (linha) não é igual à corrente que circula pela carga (fase). Em vez disso, a corrente de linha é o resultado da diferença vetorial entre duas correntes de fase consecutivas que alimentam a carga.
Matematicamente, esse arranjo resulta na relação amplamente aceita de que:
$$ I_L = \sqrt{3} \cdot I_f \angle (\theta_f - 30^\circ) $$
Para a fase em questão (fase C), a aplicação desta fórmula requer a identificação da corrente de fase associada, sua magnitude e seu ângulo, a partir dos quais a corrente de linha é determinada.
A corrente de fase fornecida é:
I₍CA₎ = 8∠-15° A
Utilizando a relação fundamental, temos:
$$ I_L = \sqrt{3} \times 8 \angle \left( -15^\circ - 30^\circ \right) $$
Calcula-se o ângulo:
-15° - 30° = -45°
E a magnitude:
√3 × 8 ≈ 1,732 × 8 = 13,856 A
Assim, o fasor da corrente de linha na fase C é:
Iₗ = 13,86∠-45° A
A conexão delta transforma a interação entre as correntes de fase em correntes de linha que não apenas possuem uma magnitude multiplicada pela constante √3, mas também apresentam uma defasagem angular. Essa defasagem é consequência da diferença de fase entre as correntes que circulam entre as fases interligadas.
Visualmente, pode-se imaginar que cada corrente de linha resulta da combinação vetorial de duas correntes com ângulos defasados em 120°. O processo de soma vetorial resulta em um novo vetor cuja magnitude é maior que a das correntes individuais e cujo ângulo é deslocado – neste caso, subtraindo 30° do ângulo da corrente de fase considerada.
No sistema com sequência de fases ABC, o arranjo dos ângulos segue a ordem natural da rotação dos fasores. Isso garante que a defasagem aplicada (neste caso, -30°) corretamente combine os fasores em uma soma vetorial que reflete a realidade do sistema trifásico.
É importante notar que diferentes convenções e métodos podem levar a variações na interpretação do deslocamento de ângulo entre a corrente de linha e a de fase. No entanto, para um sistema trifásico equilibrado ligado em delta com sequência de fases ABC, a metodologia padrão – multiplicar a corrente de fase por √3 e aplicar um deslocamento angular de -30° – tem se mostrado a abordagem mais confiável para determinar o fasor da corrente de linha.
Vale destacar que o arranjo delta não apresenta neutro, e portanto a análise baseia-se nas diferenças de potencial entre as fases, o que reforça a necessidade de aplicar a transformada vetorial para a obtenção do resultado final.
Em sistemas onde a carga é ligada em estrela (Y), a corrente de linha é igual à corrente de fase, uma vez que cada carga está conectada de um terminal da fonte ao neutro. Essa configuração simplifica a análise, mas quando falamos de uma ligação delta, a necessidade de somar fasores dos ramos da carga para obter a corrente de linha acrescenta complexidade à análise, resultando justamente na relação √3 vezes a corrente de fase e com um deslocamento de 30°.
Configuração | Relação Corrente de Linha / Fase | Defasagem Angular |
---|---|---|
Estrela (Y) | Iₗ = I_f | 0° |
Delta (Δ) | Iₗ = √3 · I_f | -30° (considerando sequência ABC) |
A tabela acima ilustra as diferenças fundamentais entre as duas principais configurações de conexão em sistemas trifásicos, destacando como a ligação delta introduz uma multiplicação na magnitude e uma rotação no ângulo.
A determinação correta do fasor da corrente de linha é crucial em várias aplicações, incluindo:
Em cada uma dessas situações, aplicar a relação √3 e ajustar o ângulo corretamente assegura que as medições e previsões de desempenho do sistema sejam precisas.
A análise fasorial baseia-se na representação das grandezas elétricas como vetores no plano complexo. Esses vetores possuem uma magnitude e uma fase, que indicam, respectivamente, a amplitude e o deslocamento em relação a um referencial temporal. Ao multiplicar a corrente de fase pela constante √3, realizamos uma amplificação que corresponde à soma vetorial das correntes presentes entre as fases em uma ligação delta.
A subtração de 30° na fase do fasor da corrente de linha em relação à corrente de fase reflete a orientação geométrica dos vetores de corrente, que, quando combinados, possuem essa característica intrínseca de defasagem. Essa abordagem é poderosa porque permite que problemas complexos de distribuição de corrente sejam reduzidos a operações vetoriais simples no domínio complexo.
Podemos expressar a corrente de fase e a corrente de linha em termos de suas representações complexas. Se representarmos a corrente de fase I𝚏 como:
$$ I_f = 8 \cdot e^{-j15^\circ} $$
Então, aplicando a relação para uma ligação delta, obtemos:
$$ I_L = \sqrt{3} \cdot 8 \cdot e^{-j(15^\circ + 30^\circ)} = 13.86 \cdot e^{-j45^\circ} $$
Essa representação matemática reafirma não somente a magnitude final de aproximadamente 13,86 A, mas também o ângulo de -45°, que é o resultado correto da soma vetorial das correntes de fase em um sistema balanceado com a sequência ABC.
A partir da análise aprofundada das relações entre corrente de fase e corrente de linha em uma conexão delta, chegamos à conclusão de que, para uma corrente de fase I₍CA₎ de 8∠-15° A e com uma sequência de fases ABC, o fasor da corrente de linha na fase C pode ser determinado pela multiplicação de √3 pela corrente de fase e pela subtração de 30° do ângulo da corrente de fase. Este procedimento matemático e físico leva ao resultado:
Iₗ = 13.86 ∠ -45° A
Esta resposta é consistente com os princípios de análise de circuitos trifásicos equilibrados e confirma que a metodologia de utilização do fator √3 e a defasagem angular são essenciais para se obter a corrente de linha correta em configurações delta.
Em resumo, através do entendimento da relação entre as correntes de fase e de linha em sistemas trifásicos ligados em triângulo, foi demonstrado que o procedimento para determinar o fasor da corrente de linha envolve a multiplicação da magnitude da corrente de fase por √3 e a aplicação de uma defasagem de 30° de acordo com a sequência ABC. Dessa forma, para uma corrente de fase de I₍CA₎ = 8∠-15° A, obtemos a corrente de linha na fase C:
Iₗ = 13.86∠-45° A
Essa análise não somente reforça a importância da aplicação correta dos conceitos de fasores em circuitos trifásicos, mas também destaca como as transformações geométricas intrínsecas na representação fasorial permitem a resolução de problemas práticos com precisão. A compreensão dessas relações é fundamental para engenheiros e técnicos que trabalham com sistemas elétricos, garantindo que instalações e projetos sejam executados com segurança e eficiência.